SPICE III Trial
Early Sedation with Dexmedetomidine in Critically Ill Patients
N Engl J Med. 2019 Jun 27;380(26):2506-2517
Escrito por: Rennan Martins Ribeiro
O autor declara não apresentar conflito de interesse relacionado a esta publicação e expressões
aqui registradas.
Paciente críticos na UTI por muitas vezes necessitam de terapias invasivas como suporte ventilatório e consequentemente o uso de sedativos para promoção do acoplamento com a ventilação mecânica e controle de ansiedade e agitação. As evidências atuais sobre a escolha do sedativo ideal para manejo de pacientes na UTI ainda não são bem estabelecidas.
O presente estudo intitulado Early Sedation with Dexmedetomidine in Critically Ill Patients – SPICE III Trial teve como objetivo avaliar o efeito da dexmedetomidina como agente principal e se possível isolado em pacientes em ventilação mecânica. O estudo foi um ensaio clínico randomizado controlado realizados em 74 UTIs de 8 países da Europa, Ásia e Oceania. Foram incluídos pacientes com necessidade de ventilação mecânica nas 24 horas subsequentes a randomização.
Os pacientes foram randomizados em 2 grupos: cuidado usual (sedação com propofol ou midazolam) ou grupo intervenção (bolus de dexmedetomidina inicial de 1 mcg/kg/min por uma hora, usando dose de incremento até 1,5 mcg/kg/min com permissão para uso de proprofol para atingir sedação alvo quando dexmedetomidina dose máxima). Ambos grupos recebiam avaliações diárias a cada 4 horas para analgesia, sedação com a ferramenta Richmond Agitation Sedation Scale | RASS e delirium 1x/dia por meio do Confusion Assessment Method for Intensive Care Unit | CAM-ICU. Os pacientes tinham como alvo sedação leve (RASS -2 a +1).
Implicações na prática…
Os enfermeiros desempenham um importante papel no manejo da sedação, analgesia e delirium de pacientes na UTI. O guideline da Society of Critical Care Medicine para prevenção e tratamento da dor, agitação/sedação, delirium, imobilidade e alteração do sono em paciente na UTI, recomenda a utilização de estratégias como sedação guiada pela enfermagem ou interrupção diária da sedação para alcançar a sedação alvo (sedação leve: RASS -2 a +1 quando não contraindicado). No que se refere a medicamentos as evidências apontam o benefício do uso de propofol e dexmedetomidina para manejo de sedação em pacientes críticos, em especial em pacientes em delirium com prejuízo no processo de desmame e extubação recomenda-se o uso da dexmedetomidina. Os achados do SPICE III corroboram com as evidências atuais sobre uso de sedativos no manejo da sedação de paciente críticos em ventilação mecânica. Apesar dos benefícios já demostrados em estudos anteriores do uso da dexmedetomidina em relação a benzodiazepínicos; se faz necessário que profissionais compreendam as imitações e riscos associados ao uso da dexmedetomidina. Assim o enfermeiro e toda equipe multiprofissional deve avaliar os riscos e benefícios quando uso da dexmedetomidina na prática clínica, bem como implementar cuidados para monitorar e evitar eventos adversos relacionados ao seu uso.
Título de Enfermeiro Esp. Enfermagem em Terapia Intensiva Adulto | TENTI-AD pela ABENTI. Especialista Enfermagem em Neurologia e Neurocirurgia pela UNIFESP (modalidade residência). Membro da Diretoria ABENTI (2019 – 2020). Coordenador do Serviço de Enfermagem da UTI Neurológica no Hospital São Paulo / HU da UNIFESP. Preceptor dos Programas de Residência na UNIFESP.