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O projeto de luto perinatal

5 de março de 2024Robson CalixtoArtigos ComentadosNenhum comentário

O projeto de luto perinatal: desenvolvimento e avaliação de diretrizes de apoio a famílias em situação de óbito perinatal e neonatal no Sudeste do Brasil – um estudo quase
experimental do tipo antes e depois.

Referência:

SALGADO, H.O., et al. The perinatal bereavement project: development and evaluation of supportive guidelines for families experiencing stillbirth and neonatal death in Southeast Brazil—a quasi-experimental before-and-after study. Reprod Health, 2021, 18:5.

DOI: 10.1186/s12978-020-01040-4

Escrito por: Juliana de Oliveira Marcatto

A autora declara não apresentar conflito de interesse relacionado a esta publicação e expressões aqui registradas.

A morte de bebês durante a gestação ou logo após o nascimento é uma experiência traumática para mulheres, familiares e profissionais de saúde. Comprometimentos da condição física e emocional dos pais em decorrência da perda de seus filhos podem causar transtorno depressivo, ansiedade, estresse pós- traumático, ideação suicida, pânico e fobias. Impactos diversos nas relações sociais e econômicas também podem ser observados.

A perda perinatal e neonatal inverte a ordem natural do ciclo de vida e o curto período de contato do bebê com a família torna a experiência de dor uma condição silenciada e invisibilizada socialmente. Quando uma gestação é interrompida ou um bebê morre, os pais vivenciam perdas representadas pelas expectativas e relações que seriam inauguradas com sua chegada.

Protocolos e diretrizes de acolhimento à perda perinatal e neonatal foram desenvolvidos em diversos países do mundo. Entretanto, a literatura e as práticas desenvolvidas no Brasil são escassas, resultando em maior fragilidade na assitência prestada às famílias que vivenciam esta experiência no Brasil, quando comparadas a famílias de outros lugares do mundo. Estudos demonstram que nomear, ver, tocar, participar de rituais espirituais e funerários é importante para o processamento do luto. Sendo assim, para que as famílias recebam assitência de qualidade, é importante que os profissionais de saúde sejam capacitados emocionalmente e tecnicamente para oferta e realização do cuidado.

 

O presente artigo é um protocolo de pesquisa de um estudo de métodos mistos (qualitativo e quantitativo), quase experimental do tipo antes e depois que terá como objetivo primário avaliar os efeitos da adoção de diretrizes internacionais adaptadas ao contexto brasileiro na saúde mental e experiência de luto de mães que vivenciaram uma perda perinatal. Como objetivos secundários o estudo irá verificar a prevalência de depressão pós-parto, ansiedade, estresse e sintomas de adaptação ao luto, bem como avaliar o cuidado recebido antes e após a capacitação de profissionais de saúde das unidades investigadas. Serão incluídas no estudo mulheres que vivenciaram uma perda gestacional ou neonatal em uma das 4 maternidades públicas de Ribeiraõ Preto e profissionais de saúde das respectivas maternidades. Os instrumentos de avaliação utilizados serão a escala de luto perinatal (ELP), a escala de depressão pós-parto de Edimburgo e escala de estresse depressão ansiedade -21, além de questionários sociodemográficos elaborados pelo grupo de pesquisa.

Os autores apresentam o seguinte modelo conceitual para organização da diretriz de apoio à perda perinatal e neonatal: (1) Funcionários e profissionais de saúde: qualificação profissional, suporte emocional e psicológico e comunicação efetiva e eficiente; (2) Infraestrutura: acomodação individual, coleta de memórias, refrigerador para manter o corpo do bebê e local para guardar a caixa de memórias; (3) Atributos do cuidado: privacidade, cuidado individualizado, comunicação clara e respeitosa, decisões informadas, cuidado baseado em evidências, não julgamento dos desejos e comportamentos da família e cuidado contínuo; (4) Práxis: decisão acerca do tipo de parto, ver e tocar o bebê, despedida, organização da caixa de memórias, decisão sobre o corpo do bebê e informações; (5) elementos intermediários: criação de memórias positivas: emocionais e momentos; (6) Objetivo primordial da proposta: promover cuidados que apoiem e facilitem o luto perinatal saudável.

Em relação ao método, o estudo será desenvolvido em 4 fases:

(1)  Preparação: realização de reuniões com a equipe da maternidade e profissionais de referência resposnsáveis pela interlocução com os pesquisadores. Nesta fase serão organizados os fluxos para acesso à lista de óbitos perinatais e neonatais, lista de colaboradores e organização das capacitações.A equipe deverá indicar um ou dois profissionais do luto, que serão treinados para oferecer assistência às famílias enlutadas. Nesta fase será elaborado o protocolo local denominado “Procedimento operacional padrão” que irá fundamentar a capacitação.

(2)  Pré-intervenção: esta fase será composta por reuniões com grupos focais que irão responder a um questionário sociodemográfico e perguntas sobre a experiência no trabalho e entrevistas com as mulheres. Nestas entrevistas serão aplicadas escala de avaliação da saúde mental, levantamento de dados socioeconômicos, demográficos e comportamentais relacionados à perda vivenciada.

(3)  Intervenção foi organizada tendo como base duas publicações: o livro Como lidar- luto perinatal: acolhimento em situações de perda gestacional e neonatal que foi redigido baseado no protocolo canadense para profissionais de saúde durante assistência em situações de perda perinatal e o manual fornecido pela SANDS (stillbirth e neonatal death clarity) “perda gestacional e morte de um bebê: deretrizes para profissionais de saúde). Serão capacitados gestores e profissionais de referência, profissional do luto e organizada estrutura por meio de vídeo aulas e rede de suporte para esclarecimento de dúvidas, além de acompanhamento presencial e remoto ao final do projeto.

(4)  Pós intervenção: entreveista com as mulheres do grupo pós intervenção e grupos focais com profissionais e gestores para reflexão sobre avanços após implenetação do protocolo.

As principais ações de suporte previstas na diretriz de acolhimento à perda são:

 

  • Preparo da família para ver o bebê
  • Organização da caixa de memórias
  • Fornecimento de orientações por escrito
  • Garantia da continuidade dos cuidados
  • Orientação e cuidado de gestantes com histórico de perdas anteriores
  • O que fazer em caso de natimorto, norte neonatal eminente ou malformação grave.

 

Serão incluídas no estudo mulheres que vivenciaram uma perda gestacional ou neonatal em uma das 4 maternidades públicas de Ribeiraõ Preto e profissionais de saúde das respectivas maternidades. Os instrumentos de avaliação utilizados serã a escala de luto perinatal (ELP), a escala de depressão pós-parto de Edimburgo e escala de estresse depressão ansiedade -21, além de questionários sociodemográficos elaborados pelo grupo de pesquisa.

Os autores destacam que famílias que vivenciam situações de perda gestacional ou neonatal precisam receber cuidados orientados por diretrizes adaptadas para o cenário local de cada maternidade. O cuidado adotado pode gerar repercussões positivas ou negativas na elaboração do luto com impactos nas dimensões física, emocional, social e espititual das famílias. A qualificação do profissional do luto é um aspecto importante na qualidade do cuidado às famílias e aos profissionais.

Aplicabilidade dos resultados observados no atual cenário de atuação dos enfermeiros intensivistas brasileiros:

Este artigo apresenta a importancia da organização de diretrizes locais voltadas para o acolhimento à perda gestacional e neonatal e o processo de planejamento da implementação de um programa de acolhimento. Apesar da morte de bebês ser um acontecimento relativamente frequente em unidades de terapia intensiva, observa-se um despreparo das equipes em acolher estas famílias. A falta de capacitação e a ausência de processos de trabalho bem estabelecidos podem resultar em danos adicionais, além daqueles inerente à experiência de morte de um filho. Além disso, o estresse gerado na própria equipe pode comprometer o cuidado prestado à beira leito e a estrutura gerencial de unidades de saúde em decorrência de maiores taxas de adoecimento e afastamentos do trabalho.

Pontos-chave a serem discutidos:

 Necessidade de elaboração de uma diretriz brasileira que irá fundamentar a estruturação de diretrizes locais orientadas pelas melhores evidências;

A importância da capacitação das equipes de saúde e definição de profissionais do luto para acolhimento de famílias e profissionais;

Necessidade de acolhimento de famílias que vivenciam uma perda gestacional ou neonatal desde o diagnóstico até o seguimento após a alta hospitalar e em gestações subsequentes.

A importância da memório para a elaboração do luto gestacional e neonata

Sugestões para pesquisas futuras:

 Implementação da diretriz em cenários distintos com avaliação dos impactos imediatos e longitudinais em famílias e profissionais de saúde;

Avaliação dos impactos financeiros do cuidado, considerando a possíbilidade de menor incidência de luto complicado, com menores comprometimentos emocionais e sociais;

Limitações do estudo:

 O presente artigo descreve o protocolo da pesquisa e está em fase de implementação nas unidades participantes do estudo. A adesão dos profissionais de saúde é o maior desafio de estudos que propõem práticas baseadas na mudança de comportamento. A estruturação de profissionais de luto pode ser uma estratégia importante na estruturação do serviço. Entretanto, é importante considerar que este profissional deve estar presente em todos os turnos de trabalho, todos os dias da semana. Portanto, a institucionalização dos processos de trabalho é o maior desafio a ser superado e para tal, a organização de uma diretriz é um caminho muito promissor.

 

Juliana de Oliveira Marcatto

Possui graduação em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1999), Especialização em Enfermagem Hospitalar com área de concentração em neonatologia (2003), Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Saúde da Criança e do Adolescente, Faculdade de Medicina da UFMG (2010), Doutora pelo Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da UFMG (2015). Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG. Coordenadora do Projeto de Extensão Renascer – Cuidado Multidisciplinar do Luto Perinatal. Instrutora do Curso de Suporte Avançado de Vida em Pediatria (PALS) ofertado pela Sociedade Mineira de Terapia Intensiva (SOMITI). Os temas de estudo são: Pediatria, Neonatologia, Dor, Cuidados Paliativos Perinatais e Pediátricos e Luto. Membro do grupo de estudos RECRIA e LaPIS.E-mai: julianaoliveiramarcatto@gmail.com

 

 

 

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